Um resumo de tudo.

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Esqueça o Mikey e toda sua turma. Aquelas princesas que, como você sempre desconfiou, nunca tiveram finais felizes. Esqueça as compras, os eletrônicos na Best Buy, a Target e os Outlets. Não desperdiçarei nenhum parágrafo tentando fazer com que mais e mais grupos de brasileiros gastem seu tempo turistando na cidade que vivo há um ano. Vocês não imaginam o quanto é irritante chegar aqui nos EUA, e encontrar pessoas que estudaram com você comendo uma lasagna no Olive Garden da I-Drive, e acredite, já aconteceu comigo.
Se desfaça dos conceitos que voce está acostumado, aqui você vai encontrar informações realmente valiosas vindas de quem prefere passar as tardes de sabado em cidades vizinhas do que enfrentar qualquer fila de qualquer lugar que se vá em finais de semana. Aquelas atrações que passam longe das listas das agencias de turismo e longe do “boca a boca”de qualquer brasileiro que achou a cidade “sem graça” por que visitou três parques e dois outlets e não se incomodou em dar duas voltas a mais no quarteirão. E, uma coisa que eu aprendi aqui é, a melhor parte da cidade foi feita para quem mora aqui.
Você deve estar se perguntando agora: “Ok querida, se você se irrita tanto com a multidão, por que foi justamente desempacotar as malas na cidade mais visitada (por brasileiros) nos EUA?” E eu lhe responderia: “Bem, coisas das mais inesperadas acontecem em nossa vida, e quando voce percebe, já está ali, e você acaba gostando (e muito!).”
Comigo foi uma dessas “coisas inesperadas” mesmo. Estava eu sentada em minha mesa, provavelmente checando algum e-mail de um dos treze clientes que eu assessorava na empresa onde trabalhava, tomando uma das inumeras xícaras de café com o rosto do David Bowie quando meu então namorado me liga, trazendo ótimas noticias. Quer dizer, ótimas para ele. Com uma voz de extremo contentamento ele diz: “Sabe aquela vaga que foi aberta na filial de Aubundale? Eu finalmente tomei coragem e disse a meu chefe que estava interessado, e ele achou uma ótima ideia! Em dois meses estarei me mudando para a Florida!”
“Oi?” foi minha primeira resposta. Talvez eu tenha engasgado com o café, ou talvez não. A unica coisa que eu me lembro distintamente foi de ter ficado nervosa, muito nervosa. “Discutiremos isso a noite” respondi, e passei o resto do dia me peguntando o que aconteceria a partir daí. Bem, o que aconteceu foi, que muito tranquilamente, meu então namorado me disse que não haveriam problemas, nós nos casaríamos e eu iria morar com ele na Florida. Eu até então não havia pensando em casamento, e na verdade nunca fui do tipo de pessoa que deixa o trabalho, a familia e os amigos para acompanhar um cara que conheci há seis meses. Mas cada vez que eu pensava sobre o assunto, mais a solução que ele havia proposto fazia sentido. Então algumas senamas depois, falamos com meu pai e depois da benção que ele nos deu tudo de repente tomou forma. Contamos para nossos amigos e familia e tudo pareceu certo. Ele iria para Auburndale e eu ficaria no Brasil, terminando meus dias de trabalho e preparando o casamento.
Três meses depois ele voltou, nos casamos no dia seguinte e mais ou menos vinte e quatro horas depois da festa estavamos indo para a Florida! E é claro que eu, morando em São Paulo há cinco anos não iria me enfiar em qualquer cidadezinha por aí, meu agora marido concordou que deveriamos morar em Orlando, já que era a maior cidade da região. E aqui começa nossa aventura.